Aula 1: O Liberalismo Clássico
Nesta primeira aula, apresentaremos o plano do curso e o detalhamento das aulas. A fim de contextualizar o surgimento do neoliberalismo, faz-se necessário entender o prefixo “neo” e, assim, começamos por apresentar os principais pontos do liberalismo clássico em sua semelhança e dessemelhança com o neoliberalismo corrente. Assim, vamos estudar o liberalismo de Adam Smith e de John Locke enquanto dois dos maiores representantes históricos do pensamento liberal clássico.
Aula 2: Breve história do neoliberalismo. A partir do influente pensamento de Wolfgang Streeck e de David Harvey veremos a história da ascensão do neoliberalismo, de corrente minoritária nos anos 30-40 a doutrina hegemônica no capitalismo contemporâneo. Veremos como o neoliberalismo é testado sob o governo autoritário de Pinochet e como ele se consolida com Thatcher e Reagan e, posteriormente, com o “Consenso de Washington”.
Aula 3: Os neoliberais por eles mesmos: Hayek e von Mises.
Nesta aula, vamos estudar o pensamento de dois entre os maiores representantes do pensamento neoliberal: Friedrich Hayek e Ludwig Von Mises. Estudaremos as principais obras deste autores, contextualizando o seu pensamento historicamente e em relação ao liberalismo clássico.
Aula 4: O empreendedorismo de si: neoliberalismo através de Foucault.
Na quarta aula, veremos a importante análise de Michel Foucault sobre o neoliberalismo. Nosso foco será a obra “O Nascimento da Biopolítica”, na qual o filósofo francês mobiliza uma análise rigorosa do pensamento neoliberal. O “empresário de si”, enquanto figura central da visão de mundo do neoliberalismo, será estudada nesta aula, assim como o importante conceito de biopolítica. Também veremos o conceito de necropolítica, desenvolvido pelo filósofo camaronês Achille Mbembe a partir de Foucault.
Aula 5: A subjetivação neoliberal.
Nesta aula, vermos uma outra faceta do neoliberalismo; o seu modo de subjetivação. O neoliberalismo produz subjetividades, moldando o nosso modo de lidar com nós mesmos e com o mundo. A partir da análise de Pierre Dardot. Christian Laval e Fréderic Lordon sobre o tema, veremos como isso se passa.
Aula 6: O capitalismo realista.
Na nossa sexta aula, vamos analisar o importante trabalho de Mark Fisher, “O Realismo Capitalista”. Segundo o diagnóstico de Fisher, a hegemonia do neoliberalismo se revela tão estrita que o pensamento de uma alternativa a ele se mostra, no imaginário cultural, político e filosófico, como algo da ordem do impossível. Veremos, nesta aula, a reflexão de Fisher neste aspecto e aquilo que, para o filósofo, torna o neoliberalismo insustentável no presente e futuro.
Aula 7: Neoliberalismo e colapso: a questão ambiental.
Nesta aula, vamos analisar o mais importante desafio posto, no presente, ao neoliberalismo, ao capitalismo e à humanidade em geral: a mudança climática. Um dos pontos de fissura elencados por Fisher em “O Realismo Capitalista”, a modificação dos ciclos biogeofísicos da Terra por conta da ação antrópica figura como algo que o neoliberalismo, enquanto doutrina hegemônica, é incapaz de lidar. Neste ponto, veremos o importante livro de Bruno Latour sobre o tema, “Onde Aterrar: como se orientar politicamente no Antropoceno”, procurando compreender a relação entre neoliberalismo e colapso climático.
Aula 8: Neoliberalismo e autoritarismo:
Na nossa última aula, veremos outro efeito da hegemonia neoliberal: o surgimento da extrema direita populista e de movimentos fascistas. A partir do importante livro de Wendy Brown “Nas Ruínas do Neoliberalismo; a ascensão da política antidemocrática no Ocidente” e de textos diversos de Maurizio Lazzarato e Vladimir Safatle sobre o tema, veremos como a ascensão de movimentos extremistas, no Brasil e no mundo, tem incontornável relação com a hegemonia neoliberal das últimas décadas.
Bibliografia Principal:
BROWN, Wendy. Nas Ruínas do Neoliberalismo; a ascensão da política antidemocrática no
Ocidente. São Paulo: Editora Politeia, 2020.
_______________Cidadania Sacrificial: neoliberalismo, capital humano e políticas de
austeridade. Trad. Juliane Bianchi Leão. Zazie Edições: 2018 (livro virtual).
DANOWSKI, D.. VIVEIROS DE CASTRO, E. Há mundo por vir? Ensaio sobre os medos e os
fins. Florianópolis: Desterro: Cultura e Barbárie: Instituto socioambiental, 2015
DARDOT, Pierre; LAVAL, Christian. A nova razão do mundo: ensaio sobre a sociedade
neoliberal. São Paulo: Boitempo, 2016.
FISHER, Mark. Realismo capitalista: é mais fácil imaginar o fim do mundo do que o fim do
capitalismo? São Paulo: Autonomia Literária, 2020.
FOUCAULT, Michel. O nascimento da biopolítica. São Paulo: Martins Fontes, 2008.
__________________Microfísica do Poder. Rio de Janeiro: Edições Graal, 2011.
HARVEY, D. O neoliberalismo: História e Implicações. São Paulo: Edições Loyola, 2008.
HAYEK, Friedrich. O caminho da servidão. Rio de Janeiro: Instituto Liberal, 1990.
LATOR, Bruno. Onde aterrar? Como se orientar politicamente no Antropoceno. Rio de
Janeiro: Bazar do Tempo, 2019.
MBEMBE, Achille. Necropolítica. In: Revista do PPGAV EBA, n. 32, 2016.
MISES. Ludwig von. A ação humana: um tratado de economia. São Paulo: Instituto Ludwig von
Mises, 2010.
RAMOS, Flamarion. Manual de Filosofia Política. São Paulo: Saraiva, 2015,.
SAFLATE, Vladimir. O circuito dos afetos: corpos políticos, desamparo e o fim do indíviduo.
Belo Horzionte: Autêntica, 2016
_____________ Bem-vindo ao Estado Suicidário. Disponível em: https://www.n-
1edicoes.org/textos/23 . Acesso a 13 de Junho de 2021.
STREECK, Wolfgang. Tempo comprado: a crise adiada do capitalismo democrático. Coimbra:
Cojunctura Atual, 2013.
Bibliografia complementar:
COSTA, A. A cosmopolítica da Terra. Rio de Janeiro: PUC, 2019. Disponível em:
https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=46900@1 , Acesso a
10 de junho de 2021.
FISHER, Mark. K-punk: the collected and unpublished writings of Mark Fisher(2004-2016).
Ed. Ambrose, Darren. Londres: 2018
HAYEK, Fredrich. The Constitution of Liberty. Chicago: Chicago Universty Press, 1978
LAZZARATO, Maurizio. Le capital deteste tout le monde: fascisme ou révolution. Paris:
Éditions Amsterdan, 2019.
____________________ Les Révolutions du Capitalisme, Paris: Les Empêcheurs de Penser en
Rond, 2004.
LORDON, Frédéric. Willing Slaves of Capital: Spinoza and Marx on Desire. Trad. Gabriel Ash.
Londres: Verso, 2014
_______________ La société des affects: Pour un structuralisme des passions. Paris: Le Seuil,
2013.