1- Reinos,
impérios, cidades: um olhar diverso sobre o continente africano
Repensar um continente para além dos estereótipos
Nesta aula vamos discutir os estereótipos ligados ao continente
africano, evidenciando suas dinâmicas históricas e culturais internas.
Leitura básica: Leila Leite Hernandez, “Repensando o continente
africano”. In: Leila Leite Hernandez, A África na sala de aula. Visita à
História Contemporânea. 4ª ed. São Paulo: Selo Negro, 2008, p. 23-44.
O desenvolvimento do Islã e sua expansão na África: regime de
documentação e historicidade (séculos VII a XV)
Como o Islã surgiu, na península Arábica, e como se expandiu pelo
continente africano? Esta aula será dedicada a este tema, apontando as
principais fontes, metodologias de análise concernentes às três grandes áreas
de expansão islâmica na África: o norte, a porção índica e a África Ocidental.
Leitura básica: BISSIO, Beatriz. “O Mediterrâneo árabe no século
XIV”. In. O mundo falava árabe: a civilização árabe-islâmica clássica através
da obra de Ibn Khaldun e Ibn Battuta. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
2012, p. 21-43.
Experiências religiosas e culturas políticas islâmicas na África
Ocidental (séculos XVI a XIX)
O tema desta aula será a diversidade nas experiências religiosas
islâmicas, com destaque para a África Ocidental, e no desenvolvimento de
culturas políticas a partir de princípios religiosos. O uso de amuletos
corresponde ao Islã? E os jihads, seriam eles as única expressões políticas
produzidas a partir da cultura muçulmana? Estes serão temas em debate.
Leitura básica: MOTA, Thiago Henrique. "Sobre o Alcorão e por
Maomé": Islã, produção intelectual e capital cultural na Senegâmbia
(séculos XVI e XVII). In. REIS, Raissa Brescia dos; RESENDE, Taciana Almeida
Garrido de; MOTA, Thiago Henrique. Estudos sobre África Ocidental: dinâmicas
culturais, diálogos atlânticos. Curitiba: Editora Prismas, 2016, p.35-70
Sociedades Centro-Africanas no século
XVI-XVIII: Reino do Congo e seus vizinhos
Nesta aula, vamos estudar as sociedades
da África central existentes à época dos primeiros contatos com os europeus -
organização social, política e aspectos de suas culturas, com ênfase no Reino
do Congo.
Leitura básica:
HEYWOOD, Linda M. Jinga de Angola: A
Rainha Guerreira da África. São Paulo: Todavia, 2019. Introdução
Luanda: uma cidade atlântica
O maior porto de escravizados do continente africano que ligou-se ao
principal porto de escravizados das Américas, o Rio de Janeiro.
Leitura básica: José Carlos Venâncio, A economia de Luanda e hinterland
no século XVIII: Um estudo de sociologia histórica. Lisboa: Editorial Estampa,
1996, p. 31-55.
2 -
Povos indígenas das Américas: muito antes do Brasil
Pindorama: os povos indígenas antes do Brasil
Nesta aula, vamos estudar as principais populações indígenas que em 1500
habitavam este vasto território e outras partes das Américas. Quais fontes,
metodologias e histórias precisamos conhecer para construir esse panorama
geral?
Leitura básica: Carlos Fausto, Os índios antes do Brasil. Rio
de Janeiro: Zahar, 2000, introdução e cap. 1:"Uma visão continental".
Os povos indígenas americanos na época pré-hispânica
O estudo do passado americano pré-hispânico é crucial para a compreensão
dos processos históricos e culturais que caracterizaram o desenvolvimento das
sociedades indígenas de nosso continente, tanto nos estágios pré e
pós-hispânicos, quanto nas particularidades de nossas sociedades atuais.
Leitura
básica: Barreto, Cristina. "Caminos a la desigualdad: perspectivas
desde las Tierras bajas de Brasil." In: Contra la tiranía tipológica en
Arqueología. Una visión desde Sudamérica. Bogotá: Ed. Uniandes-Ceso, 2006, p.
1-29.
Trajetórias, estudos de caso e um panorama geral
Por meio do estudo de trajetórias de vida e de estudos de caso, o
objetivo da aula é construir um panorama das relações entre indígenas,
africanos e seus descendentes nas Américas.
Leitura básica: FLORENTINO, Manolo and AMANTINO,
Márcia. “Uma morfologia dos quilombos nas Américas, séculos XVI-XIX”. Hist.
cienc. saúde-Manguinhos, 2012, vol.19, suppl., p.259-297
Relações entre indígenas, africanos e seus descendentes no período
colonial e as mudanças impostas pelo Diretório Pombalino (séc. XVIII)
A proposta da aula é discutir como as trajetórias de indígenas,
africanos e seus descendentes se cruzaram no espaço colonial português. A
partir desse panorama geral poderemos compreender como o Diretório Pombalino de
1757 afetou as hierarquias sociais e raciais estabelecidas.
Leitura básica: SCHWARTZ, Stuart. “Tapanhuns, negros da terra e
curibocas: causas comuns e confrontos entre negros e indígenas”. Afro-Ásia,
29/30, 2003, p. 13-40. Disponível em
<https://portalseer.ufba.br/index.php/afroasia/article/view/21053>. Acesso
em 27 abr. 2020.
4 - Lutas, resistências e permanências
nas Áfricas e nas Américas
Formas de resistência e a tradição e História oral
A ideia geral da aula e apresentar um inventário de fontes, metodologias
e referências bibliográficas sobre formas de resistência na África,
privilegiando a reflexão sobre tradições orais.
Leitura básica: MATTOS, Regiane Augusto de. As dimensões da
resistência em Angoche: da expansão política do sultanato à política
colonialista portuguesa no norte de Moçambique (1842-1910). São Paulo: Alameda,
2015 (trecho a selecionar).
Políticas indígenas nas Américas
Os povos indígenas formam um setor considerável nas populações de muitos
países da América Latina, como Brasil, Venezuela, Equador, Peru, México,
Colômbia e Chile, e representam a maioria da população na Bolívia e Guatemala.
Os movimentos políticos e culturais dos povos indígenas ganharam visibilidade
internacional nos últimos anos, especialmente através do levante zapatista no
México e dos levantes de alguns grupos amazônicos, como os Kayapó, Yecuanas e
Pemones. Esta aula examinará os movimentos sociais dos povos indígenas da
América Latina e sua relação com o Estado-Nação, discutiremos as raízes
intelectuais desses movimentos e as conquistas políticas, econômicas e
culturais dos últimos 30 anos, e consideraremos os desafios e limitações que
eles enfrentam no atual cenário global.
Leitura básica: Amodio, Emanuele. "Los indios metropolitanos:
identidad étnica, estrategias políticas y globalización entre los pueblos indígenas
de América Latina." América Latina en tiempos de globalización: Procesos
culturales y transformaciones sociopolíticas (1996): 51-66.
A ditadura militar e os índios – repressão e o nascimento do movimento
indígena (duas aulas)
Nesta aula, pretende-se discutir o contexto de ofensivas da ditadura
militar contra as populações indígenas. Dentre essas ofensivas, destacam-se: a
construção de grandes estradas que cortavam suas terras (ou de hidrelétricas
que as alagavam); o incentivo à agropecuária e à mineração em áreas indígenas;
ações deliberadas de extermínio e etnocídio ou a conivência com ações similares
por parte de terceiros. Em meio a esses ataques, articulou-se uma reação
organizada de lideranças indígenas e agentes da sociedade civil – missionários,
antropólogos, jornalistas – que repercutiu fortemente na imprensa nacional e
internacional. Era o nascimento do que viria a ser conhecido como “movimento
indígena brasileiro”.
Litura básica da primeira aula: BRASIL. Texto 5 – Violações de direitos
humanos dos povos indígenas. In: ______. Comissão Nacional da Verdade –
relatório: volume II, textos temáticos. Brasília: CNV, 2014.
OBS: Ler, prioritariamente, as
seguintes seções: A) Resumo executivo (p. 204-205); B) Introdução (p. 205-213);
G) Perseguição ao movimento indígena (p. 247-251); H) Conclusão (p. 251-253); e
I) Recomendações (p. 253-254).
Leitura básica da segunda aula:
BICALHO, Poliene Soares dos Santos. Estado autoritário, sociedade civil e
aspectos sobre a emergência de Movimentos Indígenas, História Unisinos,
Anápolis, v. 24, n. 2, 2020.
Leitura complementar: HECK, Egon
Dionisio. Definição e implantação do “modelo de indigenismo” dos governos
militares (capítulo 3). In: ______. Os índios e a caserna: políticas indigenistas
dos governos militares – 1964 a 1985. Dissertação de mestrado apresentada ao
Departamento de Ciências Políticas da Universidade Estadual de Campinas.
Campinas, 1996.
As mulheres negras na historiografia das últimas décadas do século XX e
primeiras do século XXI
O objetivo geral da aula é analisar o percurso da investigação sobre as
mulheres escravizadas, libertas e livres no Brasil. Contexto da produção
historiográfica sobre escravidão no Brasil. Tópicos: Aspectos dos temas
investigados acerca da escravidão e da liberdade no Brasil.
Invisibilidade e processo de visibilização das mulheres negras nos estudos
sobre a experiência de luta pela liberdade. Desafios teórico-metodológico
para as investigações a respeito das mulheres negras no Brasil.
GRINBERG, Keila. Liberata – a lei da ambiguidade: as ações de liberdade
da Corte de Apelação do Rio de Janeiro no século XIX. Rio de Janeiro:
Relume-Dumará, 1994. p. 15-36.
REIS, Isabel Cristina Ferreira dos. “Relações de gênero no cotidiano de
mulheres negras da Bahia oitocentista.” In: XAVIER, Giovana; FARIAS, Juliana
Barreto; GOMES, Flavio (Org.). Mulheres negras: no Brasil da escravatura e do
pós-emancipação. São Paulo: Selo Negro, 2012, p. 172-185.
O protagonismo de mulheres negras na luta por liberdade nas últimas
décadas do século XIX
O objetivo geral da aula é conhecer possiblidades de investigação sobre
a experiência de mulheres escravizadas, libertas e livres no Brasil. Tópicos:
Experiências de mulheres escravizadas, libertas e livres enquanto lutavam por
liberdade para si e para as/os suas/seus. Debate acerca de aspectos
teórico-metodológicos para a investigação sobre mulheres negras. Fontes de
pesquisa para a investigação da experiência feminina negra. Possibilidades
temáticas a respeito do protagonismo das mulheres negras.
Leitura básica: DAMASCENO, Karine Teixeira. Para serem donas de si:
mulheres negras lutando em família (Feira de Santana, Bahia, 1871-1888). Tese
(Doutorado em História), UFBA, Salvador, 2019. p. 13- 29 e 30-44.
Muçulmanos africanos nas Américas: existências e resistências (séculos
XVI a XIX)
Nesta aula, a proposta e identificar a presença ativa de muçulmanos nas
Américas e as formas de resistência por eles mobilizadas.
Leitura básica: LOVEJOY, Paul. “Jihad na África Ocidental durante a
"Era das Revoluções": em direção a um diálogo com Eric Hobsbawm e
Eugene Genovese”. In: Topoi (RJ), Rio de Janeiro, v. 15, n. 28, p. 22-67,
jan./jun. 2014.
5 - Técnicas, saberes e práticas alimentares
Saberes nas Áfricas e no Novo Mundo
Nesta aula, apresentaremos em termos gerais os fluxos e refluxos
culturais entre Áfricas e Américas. Em especial, as técnicas de cultivo e
fundição.
Leitura básica: CARNEY, Judith. “O Arroz Africano na História do
Novo Mundo” Fronteiras: Journal of Social, Technological and Environmental
Science, v.6, n.2, 2017, pp. 182-197.
Trocas culturais e práticas alimentares entre Brasil e Angola I
Marginando o diálogo entre o etnógrafo brasileiro Luís Câmara Cascudo e
o etnógrafo angolano Óscar Ribas, o objetivo geral desta aula é atentar para
como as trocas culturais e, em especial, as trocas alimentares permitem
reconhecer o diálogo transatlântico. Remetendo à importância do local no
processo de ressignificação dessas trocas a partir da margem angolana, a aula
pretende recuperar as vozes e ações africanas desse diálogo. O objetivo
específico é mostrar como as técnicas e saberes em torno de um gênero
alimentício foram agenciadas por diferentes grupos sociais na reconstrução de
suas existências mediante as transformações sociais do espaço urbano colonial
da Luanda dos anos 1960.
Leitura básica: RAMOS, Karina Helena. “Sabores de Luanda: Cultura e
resistência”. In: Revista Ciência Hoje, 350ª edição, 2019.
Trocas culturais e práticas alimentares entre Brasil e Angola II
Entre técnicas, sabores e evidências históricas, o objetivo desta aula
é, em primeiro lugar, mostrar que a cozinha também pode ser uma sala de aula,
espaço de construção de conhecimentos. E, em segundo lugar, ensinar a preparar
um prato que incorpora o diálogo Brasil-Angola: "frango ao cubo com moamba
de ginguba e funje de acaçá"
200g de peito de frango em cubos
200g de amendoim torrado
200g de fubá de milho branco
1 cebola pequena
1 tomate pequeno bem maduro
1 dente de alho
1 pau de canela
1 limão siciliano ou taiti
Sal q.b. (quanto baste)
Pimenta do reino q.b.
Óleo vegetal q.b.
Água q.b.
Um passeio pelas danças modernas afro-americanas - Matheus
Os descendentes de africanos escravizados tiveram um papel fundamental
na consolidação da música popular moderna. Entre os séculos XIX e XX, tomaram
contorno os ritmos que chegam a representar nações – como o samba, o tango e o
jazz. Essa aula propõe um olhar panorâmico sobre o diversificado fazer musical
dos negros das Américas durante este período.
Leitura básica: DOMINGUES, Petrônio. “Este samba selvagem”: o
charleston na arena afro-atlântica”. In: Afro-hispanic Review. Vol. 29, No. 2, The
African Diaspora In Brazil (FALL 2010), pp. 161-174.
Viagens musicais das Américas para as
Áfricas (século XX)
Nesta sessão celebraremos as histórias
culturais compartilhadas, olhando para as conexões históricas entre os dois
lados do Atlântico através de estruturas culturais informais, e não das
estruturas imperiais formais que são frequentemente usadas pelos historiadores
tradicionais. Analisaremos, sobretudo, o surgimento de formas musicais
como o soukouss (Congo e Angola) e salsa mbalax (Senegal).
Leitura básica: Isabela de
Aranzadi (2018). "Africanidad e identidades afroamericanas en un doble
viaje en el Atlántico". In Tránsitos materiales e inmateriales entre
África, Latinoamérica y El Caribe, (eds.) Mbuyi
Kabunda Badi - César Ross, Ariadna Ediciones
Candomblé: dos quilombos a Religião Global
Esta sessão aborda uma das mais ricas manifestações culturais dos
intercâmbios entre a África e as Américas na longa-duração: a religião. Atenção
principal será dada ao Candomblé, em perspectiva comparada com a Santería
(Cuba), cada uma delas resultado de uma diversidade de práticas religiosas na África,
especialmente das regiões de Angola e Nigéria. A maneira pela qual os africanos
foram capazes de recriar significados religiosos e rituais através da
transferência de estruturas culturais é um elemento-chave desta sessão, que
enfatiza a importância da prática religiosa na construção de significados e
identidades no início do período moderno. Também comparamos esses movimentos
passados ??com manifestações contemporâneas, a fim de inserir essas trocas
como parte de um continuum histórico.
Leitura básica: L. E. Castillo; Luis N. Pares (2007).
"Marcelina da Silva e seu mundo: novos dados para uma historiografia do
candomblé ketu". Afro-Asia (UFBA), v. 36, p. 111-152.
“Tudo repercute em tudo”: o lugar da religião nas culturas
afro-indígenas
A visão de mundo construída por diversas populações indígenas, africanas
e afro-indígenas opera na contramão da divisão rígida cartesiana entre mente e
corpo, razão e emoção. Por meio de um passeio sobre práticas religiosas das
Américas e Áfricas refletiremos sobre essa característica em comum.
Leitura básica: NARBY, Jeremy. A serpente cósmica. O DNA e a origem
do saber. Porto: Via Óptima, 2004, p. 87-107.