Edital 2023.2
A obesidade é uma doença crônica
de origem multifatorial decorrente de interações genéticas, ambientais e
sociais. Pelo aumento da prevalência em todas as faixas etárias, principalmente
nas últimas quatro décadas, a obesidade atualmente representa um grande
problema de saúde pública no mundo.
A Obesidade Mórbida (OM) é o
problema mais comum e oneroso do ponto de vista nutricional nos Estados Unidos,
afetando aproximadamente 33% dos adultos. Os custos diretamente atribuíveis à
obesidade giram em torno de 68 bilhões de dólares por ano, e um adicional de 30
bilhões por ano é gasto em programas de redução de peso e alimentos especiais.
No Brasil, Monteiro et al. realizaram um estudo comparando três avaliações
transversais de base populacional nos anos de 1975, 1989 e 1996. Estes autores
descrevem um aumento na velocidade assustador do crescimento da obesidade no
nosso país. Segundo o Ministério da Saúde, 0.8% dos brasileiros sofrem de obesidade
grave, gerando um custo que chegou a 488 milhões de reais em 2011.
De acordo com o estudo da VIGITEL
(Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito
Telefônico), pela primeira vez, superamos mais da metade da população acima de
18 anos com diagnóstico de sobrepeso (51%). Estamos falando de uma epidemia mal
controlada, de número expressivo, que não distingue raça, status econômico,
sexo, idade, etnia ou grau de instrução. Atinge a todos de maneira gradual, de
forma crônica, deletéria, avassaladora e para piorar, a OM necessita um
complexo entendimento do processo saúde-doença. Brasil é hoje o segundo país em
número de obesos mórbidos na população e também em números de cirurgias
bariátricas, ficando atrás apenas dos EUA. Tendo em vista a epidemia de
obesidade mórbida, a complexidade que seu tratamento impõe, assim como suas
complicações clinicas e cirúrgicas, o CFM recentemente junto com a Associação
Médica Brasileira (AMB) e a Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM),
publicou a RESOLUÇÃO CFM Nº 2.116/2015 (Publicada no D.O.U. de 04 de fevereiro
de 2015, Seção I, p. 55) que incorpora a cirurgia bariátrica como área de
atuação.
Em fevereiro de 2016, o Colégio
Brasileiro de Cirurgiões através de concurso de suficiência, aprovou e publicou
a primeira turma de cirurgiões bariátricos do país. No entanto, não se sabe ao
certo como isso deverá se encaminhar para formação de novos cirurgiões gerais
que tenham interesse em se tornar cirurgiões bariátricos.
Atualmente o médico que deseja
trilhar a área de cirurgia geral após a graduação, deve passar por 3 anos de
residência médica em programas credenciados junto ao MEC. O cirurgião se torna
capaz então de exercer procedimentos cirúrgicos básicos. Atualmente, caso haja
interesse em continuar sua capacitação, ele pode ainda optar por fazer mais 3
anos de cirurgia oncológica, mais 1 ano de cirurgia videolaparoscópica ou mais
1 ano de cirurgia do trauma. Não há programas de capacitação em cirurgia
bariátrica para os novos cirurgiões que entram no mercado: por volta de 1070
novos cirurgiões por ano.
Portanto, existe ainda uma lacuna
grande no país na formação de novos cirurgiões bariátricos. A epidemia da
obesidade, a falta de um programa de treinamento para novos cirurgiões gerais
interessados em fazer cirurgia bariátrica, associado a honorários médicos na
saúde suplementar mais atraentes, faz com que se abra uma demanda grande neste
momento.
Aulas teóricas priorizando as
metodologias ativas de ensino-aprendizagem, partindo da premissa de que o
estudante deve ser um protagonista importante na formação da área de atuação.
As dinâmicas interrelacionam encontros expositivos com discussão de temas e
atividades práticas. Seu conteúdo teórico estará sempre contextualizado em
situações de saúde, casos ou problemas de importância para a saúde pública no
Brasil, possibilitando ao aluno um posicionamento crítico diante das
informações de saúde, reconhecendo o seu papel, como futuro cirurgião
bariátrico, para os sistemas de saúde. As aulas práticas serão realizadas em
centro cirúrgico.